Em coletiva, reitor afirma: O Earte é uma solução que nos tira de uma situação de ausência

Reitor da Ufes, Paulo Vargas, fala à imprensa em videochamada

O reitor da Ufes, professor Paulo Vargas, afirmou nesta quarta-feira, 19, que a adoção do Ensino-Aprendizagem Remoto Temporário e Emergencial (Earte) pela Universidade, após um processo democrático de discussão, visa atender o direito dos estudantes à educação. “Foi um processo demorado, mas importante, porque permitiu a discussão de todos os aspectos que envolvem a proposta, bem como a condição de colher contribuições diversificadas. Foi um processo exitoso, porque permite aos estudantes ter acesso ao ensino, cumprindo direito constitucional de acesso ao ensino público e de qualidade”, avaliou o reitor em entrevista coletiva à imprensa realizada virtualmente.

A aprovação do Earte corresponde à estratégia indicada no Plano de Contingência da Ufes, lembra Vargas. “É uma solução de ensino que nos tira de uma situação de ausência desse tipo de atividade, mas respeitando o isolamento social, em obediência às regras do Ministério da Saúde e do Governo do Estado, que buscam proteger a vida das pessoas e controlar a pandemia de COVID-19”, detalhou.

O reitor explicou que o Earte corresponde a uma modalidade específica de ensino, que será realizada enquanto se mantiver o isolamento social e na fase seguinte, em que se inicia a retomada escalonada do ensino presencial, ainda com a manutenção de atividades remotas (as Fases 1 e 2 do Plano de Contingência – veja documento anexado abaixo).

Para chegar às resoluções aprovadas ao longo da semana passada e desta no Conselho Universitário (CUn) e no Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão (Cepe), o reitor destaca que houve ampla consulta à comunidade acadêmica, com debates nos 11 centros de ensino, em 70 departamentos e em mais de 150 colegiados de graduação e de pós-graduação.

Investimentos na inclusão digital

O reitor destacou, também, as medidas tomadas para garantir a melhor situação possível de qualidade de ensino no período atual e nos seguintes, desde o Earte até a volta ao modelo 100% presencial. Um primeiro conjunto de medidas visa à inclusão dos estudantes que necessitam de auxílio para aquisição de computadores, de pacotes de dados de internet, e de recursos de acessibilidade para alunos com deficiência.

Vargas afirmou que a Ufes vai aderir à iniciativa da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), que será responsável por contratar empresas para fornecer pacotes de dados às universidades, via Ministério da Educação (MEC). O pedido de apoio às ações de inclusão digital foi feito ao MEC pela Associação Nacional de Dirigentes de Instituições Federais de Ensino (Andifes), que conta com a participação da Ufes.

“Aguardamos para ver o quantitativo de acessos disponibilizados para a Ufes dentro dessa iniciativa. Informamos a necessidade de atender a todos os estudantes assistidos. Num primeiro momento, temos a notícia de que a ideia do MEC é atender aos estudantes com renda per capita de até meio salário mínimo. De toda forma, a Universidade pode ampliar o número de pacotes com orçamento próprio”, explica o reitor.

Mediante realocação de recursos, a Ufes reservou R$ 4 milhões em seu orçamento atual para prover as necessidades de equipamentos e de pacotes de dados, segundo Vargas. O reitor prevê que os estudantes possam ser contemplados com bolsas de valor aproximado entre R$ 1.200 e R$ 1.400, para adquirir equipamentos de forma parcelada, com a configuração que lhes parecer mais interessante. O estudante beneficiado terá de comprovar a aquisição do equipamento, que permanecerá com ele após o fim desse período para a continuação de seus estudos. 

De forma complementar, a Ufes prepara uma ação para receber doações de equipamentos usados, em bom estado, de instituições públicas e privadas, que poderão ser ofertadas aos estudantes. Uma ação de extensão, realizada pelo Centro Tecnológico (CT) em parceria com a Pró-Reitoria de Extensão (Proex), já recuperou 50 computadores da própria Ufes que estavam em desuso e pretende continuar trabalhando com materiais doados.

As inscrições para os auxílios se encerraram no último dia 13. Segundo o pró-reitor de Assuntos Estudantis e Cidadania, Gustavo Forde, um total de 3.020 estudantes solicitaram auxílios, sendo 2.916 de graduação e 104 de pós-graduação. No total, 2.660 discentes demandam equipamentos e 1.315 solicitam serviço de conexão à internet. “Estamos iniciando a análise e processamento dessas inscrições. Esta demanda está em consonância com os estudos realizados pela Pró-Reitoria (Proaeci). Mantemos contato estreito e permanente com os estudantes atendidos. Havendo demanda, podemos fazer novos cadastros para atender a mais estudantes”, explica Forde.

Grupos de trabalho da Universidade estão cuidando também de outras medidas, como a aquisição de bases bibliográficas digitais, a normatização das ações de inclusão digital e a adequação da Universidade para o ensino híbrido e o presencial. As providências envolvem manutenção, readequação de espaços físicos, obras nos espaços internos para permitir a ventilação natural e a dotação de equipamentos para higienização e sanitização, com o respectivo planejamento e dotação de recursos orçamentários.

Matrícula

As resoluções aprovadas no CUn e no Cepe já definiram o calendário acadêmico para o semestre letivo especial de 2020, com início no próximo dia 9 de setembro, e o período de matrículas, que será de 31 de agosto a 2 de setembro. A pró-reitora de Graduação, professora Cláudia Gontijo, destacou que as matrículas serão realizadas de forma on-line, como tem sido nos anos anteriores. “A diferença é que, desta vez, o momento final de matrícula, conhecido como terceira etapa, também será feito de forma digital”.

A pró-reitora de Graduação também chama atenção para o fato de que os calouros precisam selecionar disciplinas e fazer sua matrícula, diferentemente do que costuma ocorrer, que é a matrícula automática dos iniciantes. “Os calouros que ingressaram no primeiro semestre de 2020 precisarão realizar sua matrícula, com auxílio do coordenador do colegiado do curso, uma vez que nem todas as disciplinas serão ofertadas, mas apenas aquelas que podem ser oferecidas em formato on-line”, ressalta.

Os calouros que ingressam na Ufes no segundo semestre de 2020 poderão se matricular apenas quando esse período letivo for ofertado. A previsão da Prograd é que ele tenha início em fevereiro do ano que vem, no entanto esse tema ainda será tema de discussão futura no Cepe.

O reitor destacou que a ideia de oferecer esse semestre especial é que ninguém seja prejudicado, mesmo que não possa cursar nenhuma disciplina. “Os estudantes que concluírem que não têm possibilidades de participar das atividades de ensino poderão cancelar as matrículas e não terão prejuízo em função disso, não configurará abandono de curso, terão somente o atraso na realização do curso”, apontou Vargas.

Em um apelo à comunidade acadêmica, Cláudia Gontijo solicitou o apoio de todos para viabilizar alternativas para que todos os alunos tenham acesso aos estudos. “Precisaremos de ações de muita solidariedade, envolvendo não só a Administração Central, mas todos os que valorizam e querem que os estudantes permaneçam neste momento. Convocamos estudantes, professores, técnicos, coordenadores de curso, para que nenhum aluno que queira e possa continuar seu aprendizado seja impedido disso”, enfatizou.

Foi destacado ainda que a decisão sobre a oferta de disciplina caberá aos docentes e aos colegiados de curso, que poderão decidir, também, sobre disciplinas teórico-práticas e sobre práticas de estágio em modo remoto, medida essa já aprovada pelo Conselho Nacional de Educação e pelo MEC. “Essa autorização visa evitar a contenção de estudantes que estão perto de se formar. Importante reforçar que é uma autorização, e não uma obrigação”, analisa Cláudia Gontijo.

Nesta tarde, o Cepe realizou nova reunião para detalhar aspectos como a flexibilização de normas acadêmicas para o ingresso em disciplinas e os encargos docentes. A Prograd informa que, após a finalização das decisões, apresentará aos estudantes os seus direitos e deveres por meio de lives.

Pós-Graduação

Com relação à pós-graduação, o pró-reitor Valdemar Lacerda indicou que diversas atividades continuaram no período de isolamento, com a realização de cerca de 300 qualificações e 300 defesas de mestrado e de doutorado. Paralelamente, tiveram continuidade projetos de pesquisa, inclusive com a realização de novos editais, focados em COVID-19.

“Na pós-graduação, há programas com calendários acadêmicos diversos do padrão da Universidade. Os colegiados de cursos que queiram dar continuidade ao semestre iniciado em fevereiro ou em março poderão fazê-lo, desde que contem com a aquiescência da maioria dos alunos matriculados e a aprovação do colegiado do curso”, explicou Lacerda. Ele acrescentou que o colegiado pode tanto continuar o semestre 2020/1 e em seguida abrir 2020/2, quanto cancelar 2020/1 e abrir um novo semestre letivo.

Texto: Lidia Neves
Edição: Thereza Marinho

Publicado em 19 de Agosto de 2020.

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