Pesquisadores propõem soluções para a insuficiência de leitos de UTI

Professores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) emitiram uma nota técnica em que avaliam a insuficiência de leitos no Brasil. O documento, intitulado “As Empresas de Planos de Saúde no Contexto da Pandemia do Coronavírus: entre a Omissão e o Oportunismo“, destaca que o Brasil tinha, em fevereiro, 2,01 leitosde Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por 1.000 habitantes, taxa inferior à de países que têm vivenciado o colapso de seus sitemas de saúde, tais como Itália e Espanha.

A nota é assinada pelos professores Mário Scheffer e Ligia Bahia. Scheffer, que coordenam, respectivamente, Grupo de Estudos sobre Planos de Saúde do Departamento de Medicina Preventiva Faculdade de Medicina da USP e o Grupo de Pesquisa e Documentação sobre Empresariamento na Saúde, do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da UFRJ.

Os pesquisadores destacam, ainda, que 31% dos leitos são destinados ao atendimento de clientes de planos de saúde e particulares e que há uma variação nessa disponibilidade entre as regiões e unidades da federação. Outro aspecto analisado foi os leitos disponíveis para o SUS nas redes privadas e filantrópicas de saúde.

“A clivagem da oferta de leitos de acordo com oportunidades de captação de recursos, públicos ou privados, é responsável por disparidades regionais e concentração de recursos assistenciais no setor privado da saúde: em 2018 foram realizadas 171,6 internações para cada 1.000 clientes de planos de saúde e 73 para cada 1.000 pacientes assistidos pelo SUS”, aponta o documento.

O documento aponta que o setor de planos e seguros de saúde, setor compreende 47 milhões de brasileiros e que movimentou R$ 213,5 bilhões em 2019, viverá um aumento de demanda e que a responsável por regulamentar este mercado, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), “de maneira pontual e totalmente descoordenada dos esforços do SUS, passou a editar medidas que favorecem operadoras de planos de saúde e outras empresas privadas do setor, que podem afetar diretamente clientes, médicos, profissionais de saúde e prestadores de serviços”.

Os pesquisadores propõem medidas para mitigar o “cenário caótico e dramático” de assistência, com o rompimento de barreiras entre os setores público e privado para equacionar os gargalos.

Confira as propostas apresentadas no documento anexo.

Texto: Lidia Neves
Foto: Marcello Casal Jr. / ABr

Publicado em 6 de Abril de 2020.

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