Um ano de covid: Hucam adota novas estratégias para o enfrentamento à pandemia

Os hospitais estão vivendo um dos maiores desafios dos últimos tempos, enfrentando uma doença fatal que, em pouco meses, alastrou-se para todos os continentes, tornando um problema mundial de saúde pública: a covid-19.

Diante desse novo cenário, as instituições de saúde tiveram que se adaptar a uma nova realidade de cuidados com a biossegurança e desenvolver novas estratégias administrativas para o combate à pandemia. Nos hospitais universitários, a situação é um pouco mais complexa. Por serem hospitais-escola, além de atenderem a comunidade em geral, eles são responsáveis pela formação de recursos humanos nas diversas áreas da saúde e da assistência, dando suporte ao ensino, à pesquisa e à extensão das instituições de ensino superior às quais estão vinculados.

No Hospital Universitário Cassiano Antonio Moraes (Hucam-Ufes), as mudanças aconteceram desde março de 2020. “Várias ações foram tomadas visando ao enfrentamento da doença. Tivemos que modificar toda a nossa logística administrativa. Leitos foram criados especificamente para o atendimento de pacientes com diagnósticos do coronavírus, a livre circulação de pessoas foi restringida nas dependências do hospital, servidores foram capacitados e protocolos de higienização dos ambientes foram revisados e intensificados”, relata a superintendente do Hucam, Rita Checon.

Outro procedimento adotado pela administração do Hospital foi a disponibilidade de dez leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e dez de enfermaria destinados a pacientes com o coronavírus. Apesar de o Hucam não ser um hospital de referência para atendimento a pessoas com covid, a professora Rita Checon explica que, durante a pandemia, a unidade continuou atendendo pacientes em outras especialidades e o Pronto-Socorro permaneceu aberto. “Aqueles que foram considerados casos suspeitos ou confirmados com a doença foram imediatamente isolados e internados nesses leitos específicos para a covid”, explica.

Além das medidas citadas, outras foram adotadas no Hospital, como a marcação de cadeiras para garantir uma distância mínima entre as pessoas; instalação de barreiras de vidro nas recepções; manutenção de um profissional de saúde nos ambulatórios para medir a temperatura corporal e analisar se algum usuário apresenta sintomas da doença; desinfecção de salas e da área externa do Hospital; instalação de tendas de acolhimento no pátio para orientar os pacientes que chegarem para consulta e informar sobre novas regras de biossegurança adotadas pelo Hucam; identificação de funcionários orientados a impedir aglomerações; instalação de dispensadores de álcool; e obrigatoriedade do uso de máscaras de proteção individual. Todos os profissionais que estão trabalhando na linha de frente na UTI e no Pronto-Socorro também já receberam as primeiras doses da vacina contra a covid-19.

“O objetivo foi garantir a segurança dos nossos servidores, pacientes e seus familiares, assegurando um atendimento adequado, mas sem deixar de lado a qualidade dos nossos serviços e nem comprometer a excelência dos atendimentos, uma vez que o Hucam está tendo um importante papel no enfrentamento à covid”, enfatiza Rita Checon.

Desafio

A superintendente frisa ainda que conviver com essa nova situação dentro de uma instituição universitária de saúde, sem prejudicar as necessidades dos pacientes e dos alunos, está sendo o maior desafio da administração. “Vale lembrar que o Hucam é uma instituição de referência em várias modalidades médicas, que atende exclusivamente pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) e, ao mesmo tempo, é um centro de formação profissional responsável pela capacitação dos estudantes dos cursos de saúde oferecidos pela Ufes, residentes médicos e alunos de pós-graduação que desenvolvem suas atividades práticas e acadêmicas nas dependências do Hospital”, pontua.

“Acredito que”, continua a superintendente, “com apoio e sensibilidade de todos, estamos e vamos superar esses desafios, que não são poucos e nem são fáceis. Mesmo com a suspensão das consultas eletivas dos ambulatórios por quatro meses, o Hucam não parou”.

Segundo dados do Hospital, de março de 2020 até o momento, foram realizados 119 atendimentos eletivos (consultas, exames, cirurgias) e 1.952 pessoas foram vacinadas contra a covid dentro da instituição (trabalhadores de todos os vínculos em regime presencial e professores com atuação no Hospital).

Dados anteriores à pandemia registram que o Hucam realiza, anualmente, em média, cerca de 10 mil internações, seis mil cirurgias, 1,5 mil partos, 200 mil consultas ambulatoriais, 15 mil atendimentos de urgência e 250 mil exames laboratoriais de análises clínicas. Com 277 leitos e 720 atendimentos por dia, aproximadamente, a unidade acolhe pacientes dos 78 municípios do Espírito Santo e de outros estados, principalmente da Bahia, do Rio de Janeiro, de Minas Gerais e de Rondônia.

Mudanças

Outro passo importante adotado pelo Hucam para o enfrentamento à pandemia foi a criação do Comitê Gestor de Enfrentamento à Covid-19, formado por especialistas de diferentes áreas de saúde e de gestores do Hospital para o acompanhamento em tempo real da evolução epidemiológica da doença. O comitê discute ações e medidas de prevenção da propagação do vírus nas dependências da unidade.

O serviço de telemedicina também foi reforçado. Especialistas do Hucam estão orientando, esclarecendo e tirando dúvidas de profissionais da área de atenção primária à saúde de todo o estado sobre como atender pacientes com suspeita do coronavírus, dando suporte a médicos e enfermeiros quanto ao quadro clínico do paciente, ajudando no diagnóstico e na conduta clínica. Esse serviço funciona no Hospital desde 2013 e agora conta com infectologistas, pneumologistas e profissionais de outras especialidades mais demandadas para enfrentamento à doença. Os atendimentos por teleconsulta também foram fortalecidos. Com esse serviço, os pacientes conseguem acessar o profissional de saúde por videochamada. Os casos que precisam de análise presencial e de urgência são encaminhados para o Hospital.

“São serviços que se mostraram essenciais para evitar a circulação desnecessária de pessoas durante o distanciamento social, sobretudo de pacientes com outras comorbidades e que estão no grupo de risco. Além disso, protege os médicos de contágio e evita aglomerações em salas de espera”, enfatiza a superintendente.

Pesquisa

Os profissionais do Hospital também estão contribuindo ativamente no desenvolvimento de projetos de pesquisa que auxiliam tanto na prevenção como no diagnóstico e no tratamento da covid. Ao todo, 46 estudos foram submetidos à Gerência de Ensino e Pesquisa (GEP) do Hospital. Dentre eles, destacam-se o estudo para avaliar a repercussão da covid-19 em pacientes com doenças cardíacas e reumatológicas; a pesquisa para analisar as manifestações da doença em exames radiológicos; o estudo na área de inteligência artificial a fim de desenvolver um software para indicar sinais radiológicos da doença; o trabalho de produção de anticorpos em pessoas que foram infectadas; e a investigação científica que visa à realização de testes que identificam, de forma rápida e com baixo custo, as tendências e as reações em tempo real do novo conoravírus, utilizando a espectroscopia por infravermelho.

Além das pesquisas, outro destaque foi a criação do aplicativo Orienta COVIDES, com o objetivo de oferecer orientações gerais sobre a doença. O serviço é gratuito e possibilita uma interação entre profissionais de saúde do Hucam e usuário. Pelo aplicativo, é possível identificar se o usuário pode receber uma orientação médica e se manter em casa ou se precisará de atendimento presencial. Além disso, foi disponibilizado um site e um número de telefone para que a população possa tirar dúvidas a respeito da doença, receber informações gratuitas e orientações científicas, e conversar com médicos, enfermeiros e estudantes de Medicina e de Enfermagem da Ufes.

Retorno

Depois de adaptado e obedecendo aos protocolos de segurança criados durante a pandemia, o Hucam, aos poucos, está voltando à normalidade. No início deste semestre, 42 estudantes da graduação do curso de Medicina da Ufes retornaram ao estágio obrigatório, que estava suspenso desde março de 2020 por causa da pandemia.

“O modelo de gestão que permitiu o retorno dos estudantes foi cuidadosamente construído pela GEP, com envolvimento dos setores de enfrentamento à covid-19 do Hospital, dos colegiados dos cursos de graduação e dos próprios alunos. Nosso compromisso é fortalecer os campos de prática e oferecer condições seguras para a vida acadêmica. Estamos enfrentando esse período com serenidade e responsabilidade. Vamos continuar trabalhando para proteger nossos pacientes, profissionais, servidores e alunos e, com isso, contribuir ainda mais para a formação dos nossos estudantes nas diversas áreas da saúde e na produção de conhecimento”, finaliza Rita Checon.

 

Texto: Jorge Medina
Imagens: Tadeu Bianconi/Mosaico Imagem
Edição: Thereza Marinho

 

Publicado em 19 de março de 2021.

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